domingo, 31 de agosto de 2008

PENDÊNCIA DE CIMA - Uma comunidade de homens daquilo roxo

"Aqui caindo em conta-gotas/Pingando quente do coração" - O autor.A partir daqui haverá sempre alguma nota histórica sobre Pendência de Cima - Uma comunidade de homens daquilo roxo.

O PRIMITIVISMO

Era um mundo primitivo, em estado bruto, quase selvagem. Isso mesmo. Não éramos eminentemente selvagens porque já havíamos passado pela igreja católica onde recebemos os rituais do batismo, que era, para quase todos, considerado um vestibular para entrada na chamada Civilização Ocidental Cristã. A população, porém, era pacata, ordeira, sem ser passiva.
Embora sem conviver com as aldeias ditas civilizadas, os habitantes de Pendência de Cima não eram subservientes, não dependiam de estranhos. Tinham autonomia. Até no ato de votar, que não era obrigatório. E produziam tudo quanto necessitassem para a sua manutenção alimentar, exceto o açúcar e a farinha de trigo que eram conseqüência dos avanços industriais que desconhecíamos.
E assim permaneceu até que Padre Zé Luiz, voltando da Europa, após exílio exigido pela ditadura militar, fixou residência e Casa Paroquial em Pendência de Cima, seguido de Luiz de Galdino, que, casado em segundas núpcias com Maria Mônica Freire, lá adiante identificado, veio morar aqui também, transformando, inicialmente, a casa de seu pai – Galdino Mucuripe – em aposento e hospedagem das mais altas autoridades econômicas, políticas e administrativas de qualquer procedência, e, posteriormente, indo para a Rua da Frente, ali se instalando com residência mais moderna e mais confortável, com aparelho sanitário e papel higiênico, onde recebia convidados ilustres que os fazia conhecidos e identificados com a comunidade. Foi quando se viram as festas, as recepções mais festivas não existentes em outras comunidades. Até pouso de aviões se viu em Pendência de Cima.