quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

SERIDÓNISMO


Gostaria de ser do Seridó pelo menos não seria um caduco cultivador da poética varzeana.
Gostaria de ser do Seridó com muito atrevimento, dizer aos sedentos desta procela agropecuarista que, o chão vai ficar preto se não cessarem a morte do bioma caatinga.
Gostaria de ser do Seridó desses bem metido a besta, chamar de nação com muito orgulho o meu chão de aluviões que adentra as carnaúbas.
Gostaria de ser do Seridó como foi meu avô e minha avó, erguer as mãos com a bandeira como faz os ambientalistas.
Gostaria de ser do Seridó, ser o protótipo de Procópio Lucena, ter na identidade a fotografia sertaneja, ser brocoió, ser de peia, do mato, do matulão, das minas, das cabroeiras, do Royal Cinema tocada na Praça de Jardim pela banda de Cruzeta.
Gostaria de ser do Seridó, ser uma gota serena, seriema, caatingueira, jurema e pau de angico, sem ter medo de salgar o próprio couro, manta de bode pendurada num galho de cajazeira.
Gostaria de ser do Seridó e cantar feito gavião peneira na cumeeira da Serra de Santana.
Gostaria de ser do Seridó e ser da gema, protegido pela santa padroeira.
Gostaria de ser do Seridó, ou melhor, vaqueiro dos pés rachados lá das malocas de Parelhas.
Gostaria de ser do Seridó desses que macho nenhum bota boneco, a não ser as donzelas das ruas de São José.
Gostaria de ser, mas o que seria se não fosse das terras da poesia.
Eu seria com certeza defensor de toda beleza das serras do Caicó.

Zelito Coringa – 05/06/08