segunda-feira, 21 de abril de 2008

E SE NÃO HOUVESSE MILLÔR?


Salpicados, respingados, quase encharcados pelo sensacionalismo da mídia, abrimos VEJA e vemos, em 23.04.08, em meio aos escândalos, aos crimes hediondos, à impunidade, à torpeza das intenções de perpetuação no poder, em desrespeito à sapientíssima lucidez do presidente do STF, Dr. Gilmar Mendes, a nos ensinar o que é democracia e estado de direito, de degrau em degrau, pousamos na página de Millôr.
E, para gáudio de nossa modesta, quase rasteira eloqüência, deparamo-nos com outro emaranhado de ensinamentos clássicos, distantes, muito distantes do alcance de nossas armadilhas captadoras. Millôr nos saúda com as mais sábias tiradas filosóficas de Santo Agostinho – sim! Isso mesmo! – Aquele Santo Agostinho que, sem aviões, sem OVNIs, sem mísseis, saltou lá dos mais libidinosos charcos senegaleses, apenas com a sabedoria e o “pulo do gato”, para a santificação.
E Millôr, saltando também do cordelista Cuíca que, por ser nosdestino, conterrâneo, portanto, de Catulo da Paixão Cearense, de Zé Lins do Rego e de Renato Caldas, igualmente deveria ser santificado. Saltando Millôr, como dizíamos, a atingir outras celebridades, como Goulde, Nobel, Hearst, Frick, Gurbelkian, Orson Wellis, Murdock, Chateaubrind e Ermírio de Morais (para não se dizer que desprezou os brasileiros), sacando os magos da comunicação e de outros mundos, ainda não santificados, por falta de vagas – quem sabe?
Com toda essa gama de celebridades a nós apresentados informalmente, lá no final, em roda-pé do melhor cursivo, Millôr ainda nos convoca a assistir a um pega de Hearst com Orson Wellis, sob arbitragem de Freud e referências especialmente libidinosas com que Herast nos desacata, exibindo a desrecatada, porém “pudenda periquita de sua eterna amante Marion Davies”.
Nós, inebriados, abestalhados, perguntamos: E SE NÃO HOUVESSE MILLÔR?

Gilberto Freire de Melo
Fone 084. 3234.8881
E-mail: gefemelo@ig.com.br

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