sábado, 19 de abril de 2008

O VIOLEIRO E A RETÓRICA DA JIA


Zelito Coringa (*) Autoral

Da viola vertem os versos, do rio descem as águas fazendo xorróxóxó na vazante da rima. Mas, cadê a viola tocando nos alpendres beradeiros?
Nos entroncamentos das primas primadas de sons improvisais?
Cadê o rio correndo de estaleiro abaixo junto ao cantarolar da velha jia, Congelada de frescor quando se camba a noitinha nas margens do Rio Piranhas?

E o açude no torrão de barro? – Não, não secou não, diz um andarilho aboiando pra cacimba sua boiadinha de osso fictícia.
E a vertente no coração do poeta minguando bordões de improviso?
Da donzela que encanta e desencanta o poeta abrindo a cancela dos sentimentos? E o colchete na cancela dos olhares ao dedilhar do pinho, tinindo feito som de arame farpado na visceral carne do desejo em desafio?

Implorando a germinação dos girassóis na manhecença do capim que cresce na babugem dos afoitos guaxinins, dos marrecos azuis cantadores e socós avuantes de repente nos aredores lá de nós? – Decorando a sinfonia dos orquestrados sapos, que afinam seus gogós na lamina de aço da viola repentista. Pasmo de ensolação e rachões de açudes nos pés, sem um sinal da nuvem cheia, mas, em seguida um bando de paturis cortando o vento arribam do sertão.

Além dos viajantes dedos em arpejos bandolins,
Lavrados de amores incalculáveis nos tratados andejos dos caminhos,
Arados na criação repentina e lógica dos versos,
Perde-se o medo de ser poeta – De ter uma perereca de estimação!

Meu gigante tem a verve de pássaro inbatível das secas, que corteja as flores do presente com sua métrica perfeita,,
Cantarolando uma deixa sobre os marés de atlântida.

O esperançoso dos sertanejos se encontra na anti-sala do castelo magistral dos violeiros; que cultivam amores colhendo pétalas de enredos e orações hamonizadas de sóis, nos tamboretes encostados à parede das estrelas do improviso. Escuta-se a cantoria da velha jia numa lagoa de Marte.
Vá e não esqueça de levar pares de cordas de aço e aquecida voz de sapo. A festa vai se porreta.
Seja veloz, seja muito veloz em sua retórica de artista.
- Vai ser grande o rebuliço quando alguém estender o braço pedindo o passo da dança.
- Cante esse mote sem esconder as verdades.
O nordeste vai ser deserto, toque certo enquanto canta.


(*) O autor é natural de Carnaubais, Músico, Poeta e Tem um caso de Amor com a Natureza

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